“Paz entre nós, guerra aos senhores”
Verso d’A Internacional
Com o acirramento da crise econômica capitalista, além de ataques às condições de vida da classe trabalhadora como um todo – redução de salários, corte de direitos e demissões em massa, em outras palavras, mais-valia absoluta – uma das principais cartadas jogadas à mesa pelos Estados imperialistas e seus empresários é, a promoção da crua barbárie – especialmente nos países periféricos, mas também nos setores marginalizados das populações dos países centrais. Através de guerras, saques e chacinas, os capitalistas imperialistas jogam a crise do capital para longe, realizando a destruição das forças produtivas – imprescindível para a retomada da taxa de lucro e para a atenuação da crise de superprodução – nos países de “baixo escalão” na ordem mundial, mas, ao mesmo tempo, a induzida barbárie é também uma forma de garantir a acumulação de capital através do roubo puro e simples – prática conhecida pelo termo de acumulação por espoliação.
Esta estratégia tem permeado a sociedade capitalista desde suas origens – como por exemplo, nos saques e nos genocídios promovidos contra os povos que habitavam a América Latina – e se mostra, hoje, novamente com toda sua cruel força. As guerras e conflitos imperialistas promovidas no Oriente Médio – especialmente na Turquia, Síria e Iraque – no norte da Africa – Tunísia, Egito, Líbia – e mesmo na América Latina e no leste Europeu – Haiti e Ucrânia – devem ser compreendidas tanto pela óptica da acumulação por espoliação, quanto como disputas entre as potências imperialistas pela hegemonia destas regiões. Ao mesmo tempo que a população destes países é chacinada, torturada, massivamente violentada, e sua malha industrial é transformada em cinzas, a acumulação de capital das grandes corporações petroquímicas e bélicas é, exatamente por isto, garantida. A barbárie é parte intrínseca da sociedade capitalista, não algo estranho e externo – corpos sempre estiveram a boiar nos mares, praias, campos e cidades capitalistas.
| “Não às fronteiras, não às nações! Parem as deportações” |
Contudo, a promoção da barbárie não se realiza – nem nunca se realizará – sem forte resistência dos trabalhadores.
Frente ao avanço do genocídio promovido pelo Estado Islâmico – organização armada e financiada pelo imperialismo estadunidense – o povo curdo tem se levantado, se organizado e se armado, promovendo uma exemplar luta revolucionária. Contra as semanais chacinas e assassinatos de pretos e pobres nas periferias do Brasil e dos Estados Unidos, estes setores da classe trabalhadora vêm se organizando e construindo sua autodefesa – temos, como exemplos, a reorganização do Partido dos Panteras Negras e a construção do Reaja ou Será Morto.
Outra forma de resistência de nossa classe é a imigração. Assim como o capital desloca suas crises para os países periféricos, promovendo a barbárie generalizada nestes, estas populações, por sua vez, se deslocam para os países centrais – fugindo das guerras, recolocando e reforçando, assim, as contradições e tensões sociais nos países imperialistas. Nada é capaz de bloquear a marcha destes milhares e milhares de refugiados guerreiros: a mais alta das muralhas, assim como o mais letal arame farpado, são inúteis contra estes que se enfrentam de uma só vez com os quatro cavaleiros do apocalipse – guerra, praga, fome e morte.
Estes tsunamis migratórios têm contribuído bastante para a polarização e acirramento dos conflitos sociais nos países centrais. Por um lado, xenófobos nazifascistas – posições políticas que têm tido considerável fortalecimento – culpam os imigrantes por todos os males da terra. Todavia, por outro lado, parte considerável dos trabalhadores destes países tem cercado de solidariedade os refugiados, fortalecendo, assim, o internacionalismo. Ao mesmo tempo que avançam as políticas estatais xenófobas, as medidas de combate à imigração e as deportações, milhares e milhares de trabalhadores europeus oferecem suas casas como morada para os imigrantes e tomam as ruas em defesa destes. Ainda que o Estado Islandês tenha liberado a entrada de somente 50 refugiados, a população desta ilha ignorou esta política e organizou a oferta de cerca de 11mil vagas. “Refugiados, sejam bem-vindos!” gritam milhares de vozes, indo na contramão dos interesses dos capitalistas e seus estatistas.