Porque estamos compondo o Bloco de Lutas SP

* O motivo de estarmos no Bloco, e porque as outras organizações anarquistas de SP também deveriam compor

A luta contra o aumento das tarifas de ônibus, trem e metrô não se limita a questão do transporte de massas; o 3,80 significa um encarecimento no custo de vida de todos os trabalhadores da grande São Paulo e, conseqüentemente, um ataque geral asnossas condições de vida. O aumento da passagem impacta diretamente no conjunto da classe trabalhadora e sua juventude, possuindo potencial de agregar, e de fato agregando, trabalhadores e jovens de diversos lugares. Muitos destes organizados das mais diversas maneiras – coletivos, movimentos, correntes, partidos, grupos de afinidade etc.

As jornadas de lutas contra o aumento sempre tiveram como ator um leque bastante diverso de ativistas e organizações – isto desde muito antes de junho de 2013. A formação de Blocos de Lutas no formato de frente amplas acontecem e aconteceram em muitos lugares – como Rio de Janeiro, Porto Alegre, Goiânia, e mesmo São Paulo em muitos anos. É evidente que estas frentes possuem suas especificidades, e mesmo suas limitações e êxitos distintos, mas todas ao menos se colocaram como fóruns de debate e deliberação de ações em comum abertos a participação de qualquer pessoa envolvida na luta contra o aumento.

Nós da Aliança Anarquista entendemos que a luta contra o aumento possuí um potencial aglutinador e unificador que deve ser organizado através de fóruns amplos. Pois a unidade tática neste embate entre os mais diversos setores de estudantes e trabalhadores pode ser decisiva. Mas não só, entendemos que forjar a aliança entre as forças combativas e classistas da juventude e dos movimentos dos trabalhadores é importante tarefa colocada neste momento da luta de classes. Esta unidade na luta contra o aumento pode ser peça fundamental neste combate, mas também, um passo no sentido de nos organizarmos para resistir aos ataques gerais que nos aguardam – como a lei anti-terror, PL da terceirização, reforma da previdência, privatizações, demissões, corte de direitos, arrocho. Somente um movimento massivo e radicalizado da classe trabalhadora em unidade com sua combativa juventude, estará a altura dos desafios deste período.

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| Porque os anarquistas devem compor o Bloco de Lutas SP |

É evidente que nós anarquistas organizados na Aliança temos muitas divergências teóricas, programáticas, estratégicas e mesmo táticas com as mais diversas forças políticas que atualmente compõem o Bloco de Lutas SP. Algumas destas, expusemos através de panfletos e intervenções nas plenária – e mesmo também através de muitos textos que desde nossa fundação viemos publicando. Entretanto, há pontos imediatos capazes de unificar tanto estes militantes quanto outros que ainda não compõem o fórum: a luta contra 3,80, mas mesmo também as outras três pautas reivindicadas pelo Bloco, contra a repressão, contra a privatização do metrô e contra o fim da segunda função nos ônibus. Somos contra colocarmos outras reivindicações – como estatização, municipalização, tarifa zero – entre outros motivos, por entendermos que o Bloco deve se centrar em lutas imediatas, amplas e defensivas.

Entendemos que os anarquistas devem compor fóruns como o Bloco de Lutas. Temos que intervir na contraditória luta de classes como ela efetivamente se coloca, disputando seus rumos. Nos apartarmos só fortalece os projetos reformistas, eleitoreiros e estatistas, assim como contribuí para a fraca inserção anarquista classista e combativa nas mobilizações da classe trabalhadora. Fazemos política a partir da análise de uma conjuntura, uma correlação de forças, uma realidade, dada; não idealizada. Certamente os companheiros do M.A.E Movimento Autônomo Pela Educação compreendem a importância de intervir numa greve de professores mesmo tendo, contraditoriamente, a direção da APEOSP nas mãos de pelegos da CUT. É necessário e urgente rompermos por completo com os vícios sectários que tanto contribuem para manter os anarquistas apartados das mobilizações da classe trabalhadora e isolados em frágeis nichos e grupos de afinidades.

Reforçamos o convite tanto aos camaradas professores, quanto aos anarquistas organizados das mais diversas maneiras, de compor o Bloco de Lutas SP. Os setores revolucionários, que confiam exclusivamente na luta combativa e na classista organização dos trabalhadores e sua juventude – sem se iludirem com eleições e pretensas soluções reformistas – são hoje mais fortes e numerosos dos que nos últimos anos. Entretanto, ainda nos mantemos fragmentados.

A aproximação de anarquistas (bakunianistas, especifistas e outros) e as diversas correntes revolucionárias a partir de lutas gerais concretas, certamente rendará subversivos frutos.

Unidade da classe e luta na rua!
3,80 NÃO!