Lésbicas e bissexuais na luta!

Nos últimos tempos, houve um enorme avanço no sentido de aceitação da população LGBT, vemos cada vez mais casais homossexuais nas novelas e nas mídias em geral e a homofobia está se tornando-se cada vez mais inaceitável. Mas que visibilidade é essa? Quanto de fato avançamos? As lésbicas e as bissexuais estão sendo representadas como? Não podemos nos enganar achando que com essa maior visibilidade estamos em um mundo em que não existe mais discriminação contra LGBTs ou que avanços de representação LGBT representam necessariamente avanços para as mulheres.

A realidade que nós enfrentamos já comprova no dia dia que a lesbofobia permanece. Continuamos nos sentindo inseguras andando pela rua com nossas parceiras, continuarmos sendo tratadas como fantasias sexuais para homens héteros, continua havendo uma carência de políticas de saúde pública para mulheres que se relacionam com mulheres… E a própria maior representação no caso das mulheres lésbicas e bissexuais não pode necessariamente ser considerada como vitória, pois frequentemente acaba reforçando a imagem pornográfica sobre relacionamento entre mulheres (como é o caso de filmes famosos como “Azul é a cor mais quente”, ou de videoclipes como o da Shakira com a Rihanna “Can’t Remember To Forget You”). Além do fato da representação ainda ser pequena, ainda são poucos os filmes que possuem personagens declaradamente não héteros e desses uma porcentagem ainda menor é de histórias sobre mulheres.

E essa invisibilização não acontece só por parte da mídia, o movimento LGBT é bastante masculino e pautas específicas das mulheres lésbicas e bissexuais como a luta contra a pornografia, educação sexual não falocêntrica e por espaços de confraternização para mulheres, nunca de fato chegaram a entrar como pautas do movimento LGBT. A caminhada de mulheres lésbicas e bissexuais surgiu justamente por esse entendimento de que as pautas das mulheres são invisibilizadas dentro do movimento LGBT em geral e dentro da parada gay em específico. Assim todos os anos um dia antes da parada gay as mulheres marcham para tornarem a si mesmas e suas pautas visíveis.

LÉSBICAS E BISSEXUAIS RESISTEM!

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Panfleto entregue na caminhada

COMBATER O FASCISMO: participar das lutas da classe trabalhadora

Neste sábado ocorrerão em algumas cidades do Brasil a “Marcha Antifascista”. Escrevemos este breve panfleto, sobre algumas das tarefas dos revolucionários que querem combater as posições de extrema-direita. Reforçamos que o combate ao avanço das posições de ódio deve ser feito de dentro da luta da classe trabalhadora em conjunto. Somente a força da nossa classe poderá derrotar o fascismo e suas variações.

A Marcha Antifascista de 2017 insere-se em um contexto claro. Há uma crise econômica em todos os cantos do mundo. Em cada país ela aparece de uma forma específica, mas há pontos em comum: são os trabalhadores as únicas vítimas das medidas de austeridade. A vida está ficando cada vez mais sofrida para bilhões de pessoas e cada uma delas precisa urgentemente de uma solução para seus problemas. Cada uma dessas pessoas depende de um salário para viver de forma digna e quando estes são cortados, o desemprego aumenta e o preço de tudo não para de subir a preocupação que não sai da cabeça é “como vou conseguir sobreviver? como as pessoas que eu amo vão sobreviver?”. Quem der a melhor resposta, ganha o jogo. Não podemos deixar que o discurso da extrema direita nos engane e pareça como a melhor resposta. Reconstruir, lado a lado com a classe trabalhadora, a possibilidade da revolução socialista libertária é a única saída possível para combater o fascismo. Avante antifascistas! À luta!

Quais são as tarefas daqueles que combatem o fascismo?
– Disputar a consciência: precisamos estar presentes nos locais de organização da classe trabalhadora e fazer um embate duro contra as ideias da extrema direita. Precisamos ter muita firmeza em nossas posições, mas sem deixar de ter atenção e cuidado ao apresentar as ideias aos outros. Não falamos aqui para negociar e tentar convencer a burguesia de nada – com eles não há diálogo e nem negociação possível. Mas as ideias de extrema direita penetram entre os trabalhadores e cada um de nós deve ser uma barricada contra essa ofensiva.

– Construir a solidariedade de classe e o internacionalismo: em meio ao desemprego crescente as ideias xenófobas encontram terreno fértil. Querem a todo custo nos fazer acreditar que a culpa da crise é daqueles que fugindo da miséria vieram de outros países para cá. Nossos inimigos não são aqueles que sofrem em outros lugares aquilo que estamos sofrendo aqui. Nossos inimigos são os que nos atacam para que possam manter seus lucros. Explorados de todo o mundo precisam se unir contra os exploradores de todos os lugares. Acolher os refugiados, criar comitês de solidariedade aos trabalhadores e suas famílias, unir nossas forças contra o inimigo em comum.

– Definir quem são os aliados e os inimigos: é preciso avançar no combate ao racismo e à homofobia. Políticas de ódio tendem a aumentar em cenários de crise. Sem um horizonte socialista as pessoas passam a ver inimigos onde deveriam ver companheiros de classe e de luta. Enquanto a classe dirigente persegue e ameaça homossexuais (como no caso da Chechênia) nós precisamos fazer o caminho contrário e sermos as barricadas de defesa desta população. No Brasil o índice de assassinatos e suicídio de LGBTs é alarmante. Seremos a fortaleza de defesa dos nossos companheiros, e precisamos combater cotidianamente o racismo, machismo e lgbtfobia.

– Recolocar o socialismo revolucionário em pauta: a população, cansada de sofrer, busca pela saída possível para a crise. A extrema direita apresenta um projeto político que promete futuras melhorias e ganha as mentes e corações daqueles que já não sabem mais para onde correr. Enquanto isso os reformistas apresentam o mesmo projeto falho que já se mostrou-se insuficiente. A proposta do socialismo revolucionário está tão distante das pessoas que essa não parece mais a saída possível. É nossa tarefa urgente retomar a agitação e propaganda da necessidade de uma revolução socialista para que as mazelas que sofremos seja extinta pela raiz.

– Auto-defesa e um programa de lutas: não há mais ilusões sobre o acirramento da luta de classes. A polarização entre direita e esquerda cresce à medida que a crise se torna mais aguda. Organizar a auto-defesa é fundamental, mas acima de tudo essa ação precisa ter um objetivo e um rumo ou giraremos em círculos. Preparar um programa de lutas, com as tarefas e meios necessários para alcançarmos nossos objetivos de curto, médio e longo prazo é o coração da luta antifascista. Não podemos perder mais nenhum minuto nos isolando. Somente através da luta organizada e coletiva é que teremos a força necessária para dar fim aos nossos sofrimentos pondo fim nos privilégios dos ricos e patrões.

Organizem-se!
Temos uma tarefa histórica a cumprir, e sozinhos seremos massacrados.
Toda força à construção coletiva desde às bases.
Combater o fascismo, a extrema direita e romper com o individualismo
Reerguer a bandeira socialista revolucionária!

O que eles querem?

* Texto de conjuntura publicado originalmente no nosso material de 1 ano

A crise política que começou pequena no início de 2015 se desenvolveu, se aprofundou e agora parece entrar em seus últimos capítulos. Com a votação do impeachment da presidenta Dilma na câmara dos deputados o governo se sustenta por menos do que um fio de cabelo. Sem o apoio do parlamento e dos patrões, os petista veem o seu governo ruir ao seu redor e por isso se voltam a nós, trabalhadores, como último recurso.

As denúncias dos dois lados são das mais diversas. Os petistas alardeiam um golpe. A oposição parlamentar se diz numa cruzada contra a corrupção. Diante dos discursos bonitos e da enxurrada de notícias que inundam os canais de comunicação, é fácil se perder e achar que só se pode estar de um dos dois lados. A nós, trabalhadores, é dito que ou se está contra o “golpe”, ou se está “contra” a corrupção. Mas isso não é verdade.

Afinal, fala-se em golpe, mas a realidade é que o governo petista contribuiu para levar o país para o buraco e que ninguém hoje está feliz! Esse governo foi eleito dizendo que o futuro seria de desemprego e inflação alta se Dilma não ganhasse. E hoje vemos que o quadro é de desemprego e inflação descontrolada! Falou que os trabalhadores seriam atacados se a oposição fosse eleita. E atacou os trabalhadores assim que foi eleita.

Por outro lado, fala-se em lutar contra a corrupção, mas como isso é possível quando o impeachment é encabeçado por pessoas como Eduardo Cunha, Aécio Neves e tantos outros? Os que dizem querer combater a corrupção são corruptos também. E não só. Basta assistir a declaração dos votos a favor do impeachment para ver quem são os justiceiros: latifundiários, industriais, banqueiros, machistas, racistas, homofóbicos e alguns inclusive, a favor da ditadura militar. Ou seja, todos inimigos dos trabalhadores.

A verdade é que ambos os lados querem mesmo é mostrar que são os melhores para nos atacar. Que é o grupo com maior capacidade de proteger o lucro do patrão e sacrificar os trabalhadores. A eles não interessa a nossa situação. Não interessa que acordamos e dormimos com o medo do desemprego. Não interessa que contamos os centavos para cobrir as nossas necessidades. Interessa o contrário, interessa provar que conseguem passar o ajuste fiscal o mais bruto possível, ao mesmo tempo em que reprime os trabalhadores da maneira mais eficaz. Não à toa ambos os lados defendem o ajuste fiscal e medidas de austeridade para sacrificar os trabalhadores.

Diante disso, escolher entre um desses lados é impossível. E é impossível porque nenhum deles de fato quer defender os trabalhadores. Mas continuar a despejar a crise econômica – que não será solucionada pelo impeachment ou não de Dilma – sobre nós.

Devemos traçar um plano de lutas que ultrapasse a polarização colocada atualmente e recoloque o enfrentamento de classes no centro da discussão. Devemos ir além do impedimento ou não do governo petista, armando a resistência no cerne da questão hoje: a crise econômica. Porque enquanto PT, PMDB e PSDB se digladiam por fatias maior no Estado, o que nos resta são os ataques que não param de chegar.

Lei antiterrorismo, retomada da discussão de ampliação da terceirização, reforma da previdência e ataque ao salário mínimo, são alguns dos ataques que ou passaram ou pretendem ser passados no próximo período, como complemento às demissões e arrochos salariais.

Optar por se centrar na questão do impeachment enquanto medidas como essas são passadas, não é somente um erro, mas também uma irresponsabilidade. É se perder em meio às notícias e buscar atalhos que nada farão, a não ser fortalecer quem nos ataca. Hoje, a prioridade deve ser erguer a resistência contra esses ataques, tirando da frente dos trabalhadores a distração da disputa pela presidência, e recolocando o foco naquilo que nos importa: a defesa das nossas condições de vida!

NEM COM O PETISMO, NEM COM A OPOSIÇÃO PARLAMENTAR!
CONTRA O ATAQUE DOS GOVERNOS E DOS PATRÕES!

O que eles querem

1° de maio: história de lutas no anarquismo

* Texto publicado originalmente no nosso material de 1 ano

Atualmente o termo anarquismo é usado de modo muitas vezes sem nenhum sentido e ligação com seu significado verdadeiro, o prefixo “anarco” é colocado em diversos movimentos de contracultura. Isso se dá poque o anarquismo hoje é confundido por um comportamento individual, que alguns grupos denominam de “pratica libertaria” porém isso não é nem de perto o que o anarquismo realmente deveria significa. Pode-se ver que isso é um efeito da própria atuação dos que se reivindicam anarquistas desde principalmente a segunda metade do século XX, pois o anarquismo não fora capaz de retomar um papel relevante nos movimento das massas trabalhadoras após consecutivas derrotas no período anterior.

É por essas e muitas outras degenerações no movimento daqueles que se dizem anarquistas que devemos relembrar a origem e o desenvolvimento dessa linha política. O anarquismo não é reduz a uma corrente de pensamento, a um alinhamento político-ideológico, é uma práxis que visa a emancipação da classe trabalhadora por uma revolução socialista, ou seja, a tomada dos meios de produção pelos que trabalham.

Com isso em mente, ao olharmos para a história encontramos anarquia não em movimentos que visam criar uma realidade paralela para fugir do capitalismo, mas sim na classe trabalhadora organizada para a sua superação. Anarquista não é o jovem rebelde contra toda e qualquer autoridade, anarquista é o proletariado levando a frente um programa revolucionário que visa a destruição do capital e do Estado.

Muitos, até mesmo entre os revolucionários, nos acusam de ter um projeto político que não é aplicável a realidade usando os mais diversos argumentos, mas vale lembrar que o projeto socialista revolucionário anarquista também não foi teorizada por intelectuais dentro de seus gabinetes, mas forjado e construído na materialidade da luta de classes ao longo da história.

Desde a Primavera dos Povos em 1848, momento em que ocorrem inúmeros levantes revolucionários na Europa e mais tarde em outras partes do mundo, já se pode identificar o proletariado como um agente importante para a disputa política – mas nessa época ainda era uma classe pequena em número e seu projeto político da revolução socialista ainda era embrionário. É em 1871 no processo revolucionário da Comuna de Paris que o proletariado conquista o poder para si pelas armas, dissolve o Estado e toma os meios de produção: um exemplo da execução do programa anarquista na realidade. Por mais curto que tenha sido o autogoverno dos trabalhadores essa experiência prova que lutamos não por uma utopia, mas por uma possibilidade que está colocada na realidade. A revolução em 1871 não era uma teoria ou um discurso, mas um fato que tem seu ecos na história até os dias de hoje.

Outra data emblemática na história do anarquismo é o primeiro de maio de 1886. Milhares de trabalhadores organizados em seus sindicatos, muitos dirigidos por militantes anarquistas, iniciam uma greve geral nos Estados Unidos pela jornada de oito horas sem redução de salário. Nesse processo a polícia assassinou trabalhadores grevistas, no dia quatro de maio, em um ato em Chicago em apoio a greve geral, a polícia abre fogo e os trabalhadores contra-atacam com bombas, causando a morte de mais grevistas. Oito lideres anarquistas são presos depois desse episódio, sete serão condenados a pena de morte e as forças da repressão atacaram ainda mais a classe de conjunto. Novamente vemos um exemplo a ser seguido por nós anarquista de hoje, a de que devemos lutar por melhores condições de trabalho e defender nossos salários mas não de forma passiva e conciliatória mas de forma radicalizada. A greve geral, as paralisações, piquetes e outros métodos históricos da nossa classe.
Nós também temos aqui no Brasil exemplos de grandes lutas que tiveram militantes anarquistas à frente, como a greve geral de 1917. Podemos não ter tomado o poder como os franceses, mas uma greve geral com reivindicações como jornada de oito horas, respeito ao direito de associação, aumentos salariais e libertação dos presos políticos, trabalha no sentido de fortalecer a classe trabalhadora e suas organizações o que, no limite, são passos importantes para a revolução

Tendo esses e muitos outros exemplos não há motivo para o anarquismo continuar no estado em que está hoje, isso quer dizer, dissociado da luta da classe trabalhadora e mais associado a um individualismo comportamental do que um projeto socialista revolucionário que se pauta na luta de classes. Não escolhemos o primeiro de maio a toa, pois esse dia não é qualquer dia, é uma data importantíssima para todos nós trabalhadores e é com o espírito dos lutadores do primeiro de maio que a Aliança Anarquista se propõe a levar a frente o anarquismo, ao lado da classe e pela revolução.

VIVA A LUTA DA CLASSE TRABALHADORA POR SUA EMANCIPAÇÃO!
VIVA O 1° DE MAIO!

1 maio

Apresentação da Aliança Anarquista

* Texto publicado originalmente no nosso material de 1 ano

Há um ano atrás, tornava-se público o Manifesto da Aliança Anarquista. Lançado em 1º de maio de 2015, este documento apresentava os pilares iniciais para a construção desta organização que esforça-se para recolocar o anarquismo no lugar de onde nunca deveria ter saído: no interior da luta da classe trabalhadora.

Partindo de uma avaliação comum sobre a conjuntura e sobre a atual inexpressividade do anarquismo, a Aliança Anarquista apoia-se no método materialista histórico-dialético para elaborar seu programa de lutas e inspira-se nos clássicos do anarquismo revolucionário, tão presente e atuante nas importantes lutas de nossa classe, para orientar o fortalecimento do anarquismo organizado. Encontra nos exemplos da Aliança da Democracia Socialista – partido de vanguarda organizado por Mikhail Bakunin – e na proposta da Plataforma Organizacional – escrita por anarquistas russos e ucranianos que atuaram na Revolução Russa de 1917 – a inspiração para reerguer o programa do anarquismo revolucionário organizado.

Considerando também os diversos esforços de diversos militantes anarquistas comprometidos e engajados ao redor do mundo para a construção e fortalecimento do socialismo antiestatista, compreende a importância de seguir avançando na formulação teórica, programática e estratégica rompendo com as tentativas de tornar o anarquismo refém da ineficaz política identitária, comportamental e individualista.

O anarquismo não é um estilo de vida onde cada indivíduo finge poder renunciar individualmente ao capitalismo. O anarquismo é uma corrente socialista revolucionária que tem como objetivo a tomada dos meios de produção e a destruição do Estado-nação a partir da organização classista e da luta combativa dos trabalhadores e sua juventude.

Com o atual acirramento da luta de classes, a necessidade da organização e da disciplina militante se coloca ainda mais urgente. A construção coletiva de um programa de lutas que não deposite suas perspectivas na tomada – pela via eleitoral ou não – do aparelho do Estado é fundamental.

Por isso convocamos todos os trabalhadores e sua juventude comprometidos com a luta de nossa classe para que, com atuação concreta nas bases, somem esforços na construção da Aliança Anarquista rumo à tão necessária revolução social!

TODO PODER À CLASSE TRABALHADORA!

CAPA NOVA