Anarquistas e o cenário atual: um debate sobre estratégias e atuação

DOMINGO 28/maio
15h – SINSPREV

No Brasil, a crise política aumenta a cada dia. A instabilidade do governo Temer é nítida e a agitação da população está em alta. As Centrais Sindicais buscam dirigir o movimento contra as reformas da previdência e trabalhista, mas não se comprometem a fundo com a defesa dos interesses da classe trabalhadora. Acostumadas a acordos de paz com governos e patrões, a maioria das centrais tenta manter o movimento apaziguado enquanto prepara terreno para campanhas eleitorais. Por décadas os movimentos sociais ficaram contidos sob o governo do PT e agora sofrem com este longo período de desorganização.

Paralisações e greves gerais foram convocadas e efetivamente aconteceram. A indignação daqueles que sofrem com as medidas propostas pelo governo tem forçado as burocracias a mostrarem serviço. O futuro de nossas vidas está em aberto e não podemos vacilar. Não há meio termo. Somos nós contra eles.

Em meio a tudo isso, qual tem sido e qual deve ser a atuação dos anarquistas?

É com esta pergunta que convidamos vocês para esta atividade de debate. Esperamos que seja um espaço para avançarmos na discussão sobre estratégias e atuação dos anarquistas no atual cenário político e econômico do país.

Até lá,
Abraços!

COMBATER O FASCISMO: participar das lutas da classe trabalhadora

Neste sábado ocorrerão em algumas cidades do Brasil a “Marcha Antifascista”. Escrevemos este breve panfleto, sobre algumas das tarefas dos revolucionários que querem combater as posições de extrema-direita. Reforçamos que o combate ao avanço das posições de ódio deve ser feito de dentro da luta da classe trabalhadora em conjunto. Somente a força da nossa classe poderá derrotar o fascismo e suas variações.

A Marcha Antifascista de 2017 insere-se em um contexto claro. Há uma crise econômica em todos os cantos do mundo. Em cada país ela aparece de uma forma específica, mas há pontos em comum: são os trabalhadores as únicas vítimas das medidas de austeridade. A vida está ficando cada vez mais sofrida para bilhões de pessoas e cada uma delas precisa urgentemente de uma solução para seus problemas. Cada uma dessas pessoas depende de um salário para viver de forma digna e quando estes são cortados, o desemprego aumenta e o preço de tudo não para de subir a preocupação que não sai da cabeça é “como vou conseguir sobreviver? como as pessoas que eu amo vão sobreviver?”. Quem der a melhor resposta, ganha o jogo. Não podemos deixar que o discurso da extrema direita nos engane e pareça como a melhor resposta. Reconstruir, lado a lado com a classe trabalhadora, a possibilidade da revolução socialista libertária é a única saída possível para combater o fascismo. Avante antifascistas! À luta!

Quais são as tarefas daqueles que combatem o fascismo?
– Disputar a consciência: precisamos estar presentes nos locais de organização da classe trabalhadora e fazer um embate duro contra as ideias da extrema direita. Precisamos ter muita firmeza em nossas posições, mas sem deixar de ter atenção e cuidado ao apresentar as ideias aos outros. Não falamos aqui para negociar e tentar convencer a burguesia de nada – com eles não há diálogo e nem negociação possível. Mas as ideias de extrema direita penetram entre os trabalhadores e cada um de nós deve ser uma barricada contra essa ofensiva.

– Construir a solidariedade de classe e o internacionalismo: em meio ao desemprego crescente as ideias xenófobas encontram terreno fértil. Querem a todo custo nos fazer acreditar que a culpa da crise é daqueles que fugindo da miséria vieram de outros países para cá. Nossos inimigos não são aqueles que sofrem em outros lugares aquilo que estamos sofrendo aqui. Nossos inimigos são os que nos atacam para que possam manter seus lucros. Explorados de todo o mundo precisam se unir contra os exploradores de todos os lugares. Acolher os refugiados, criar comitês de solidariedade aos trabalhadores e suas famílias, unir nossas forças contra o inimigo em comum.

– Definir quem são os aliados e os inimigos: é preciso avançar no combate ao racismo e à homofobia. Políticas de ódio tendem a aumentar em cenários de crise. Sem um horizonte socialista as pessoas passam a ver inimigos onde deveriam ver companheiros de classe e de luta. Enquanto a classe dirigente persegue e ameaça homossexuais (como no caso da Chechênia) nós precisamos fazer o caminho contrário e sermos as barricadas de defesa desta população. No Brasil o índice de assassinatos e suicídio de LGBTs é alarmante. Seremos a fortaleza de defesa dos nossos companheiros, e precisamos combater cotidianamente o racismo, machismo e lgbtfobia.

– Recolocar o socialismo revolucionário em pauta: a população, cansada de sofrer, busca pela saída possível para a crise. A extrema direita apresenta um projeto político que promete futuras melhorias e ganha as mentes e corações daqueles que já não sabem mais para onde correr. Enquanto isso os reformistas apresentam o mesmo projeto falho que já se mostrou-se insuficiente. A proposta do socialismo revolucionário está tão distante das pessoas que essa não parece mais a saída possível. É nossa tarefa urgente retomar a agitação e propaganda da necessidade de uma revolução socialista para que as mazelas que sofremos seja extinta pela raiz.

– Auto-defesa e um programa de lutas: não há mais ilusões sobre o acirramento da luta de classes. A polarização entre direita e esquerda cresce à medida que a crise se torna mais aguda. Organizar a auto-defesa é fundamental, mas acima de tudo essa ação precisa ter um objetivo e um rumo ou giraremos em círculos. Preparar um programa de lutas, com as tarefas e meios necessários para alcançarmos nossos objetivos de curto, médio e longo prazo é o coração da luta antifascista. Não podemos perder mais nenhum minuto nos isolando. Somente através da luta organizada e coletiva é que teremos a força necessária para dar fim aos nossos sofrimentos pondo fim nos privilégios dos ricos e patrões.

Organizem-se!
Temos uma tarefa histórica a cumprir, e sozinhos seremos massacrados.
Toda força à construção coletiva desde às bases.
Combater o fascismo, a extrema direita e romper com o individualismo
Reerguer a bandeira socialista revolucionária!

NÃO À REPRESSÃO: seguir com as mobilizações até barrar as reformas!

O dia 28 de abril de 2017 entrará para a história. Não só pela força de suas mobilizações nesta sexta-feira, mas porquê certamente será um divisor de águas na vida política do país. Diversas categorias conseguiram paralisar seus locais de trabalho, mobilizando até setores com maiores dificuldades como na iniciativa privada e nos regimes de trabalho de estágio/temporários. A produção do país foi suspensa por pelo menos 24h e não poderão negar que a burguesia e seus políticos aliados sentiram a pressão de nossa luta. As paralisações se somaram à diversidade de táticas que também trancou rodovias e colocou milhões nas ruas em atos ao redor do país. O dia 28 mostrou a disposição de luta, agora nossa tarefa é não permitir que as burocracias sindicais sufoquem esse ânimo. Erguer a mobilização de forma independente e radicalizada até que as reformas sejam barradas!

Repudiamos a repressão policial que ontem prendeu e espancou diversos manifestantes. Exigimos que nenhum lutador seja processado e que os policiais responsáveis pelas agressões sejam responsabilizados. Desde já colocamos nossas forças à disposição dos companheiros e prestamos nossa solidariedade e anseio para que todos os feridos consigam se recuperar. Por vocês nós seguiremos em luta! Também repudiamos a perseguição da patronal, seja ela da iniciativa privada ou pública, que ameaça cortar o ponto dos trabalhadores em greve. Não achem que vão intimidar a classe trabalhadora!

Como resposta à repressão e ao corte de pontos, e como continuidade de nossa mobilização devemos construir em cada cidade um forte ato neste 1º de maio. Já chega de transformar o dia de luta dos trabalhadores em show e comício. Esta é a data histórica da resistência de nossa classe ao longo dos anos, e por todas as nossas lutas já travadas e que estão por vir: estaremos em luta no 1º de maio!

Ampliar a mobilização e a capacidade organizativa de nossa classe é tarefa central. Reivindicamos que os próximos passos da luta contra as reformas sejam deliberados em fóruns democráticos com representantes eleitos nas bases das categorias e não através de acordos entre as cúpulas das centrais sindicais. Criar comitês de mobilização onde for possível e pressionar os sindicatos e entidades para que construam iniciativas de luta contra as reformas. Reforçamos nossa posição de que todas as ações táticas devem ser deliberadas em espaços de democracia de base. As experiências organizativas de nossa mobilização devem ser também ensaios de organização da sociedade socialista. Por uma construção que seja de base e com compromisso coletivo.

A luta continua! Venceremos!

GREVE GERAL JÁ! Defender os direitos trabalhistas e a aposentadoria!

O governo quer que os trabalhadores paguem pela crise econômica para garantir e proteger o lucro dos patrões. Ataca nossos direitos com reformas como a trabalhista e da previdência enquanto protege as grandes riquezas. Nós, trabalhadores dos mais diversos setores, estudantes, desempregados, e tantos outros que fazemos este país funcionar já não aguentamos mais e sabemos que é hora de dizer basta. A greve geral se alastra pelo país como pólvora e estamos nos preparando para acender o fósforo.

Dia 28 de abril é um passo a mais na organização e alcance de paralisações desde o dia 15 e 31 do mês passado. Por décadas, com o governo federal nas mãos do PT, a classe trabalhadora e sua juventude tiveram um recúo organizativo muito intenso. Recuperar nossas entidades de base e construí-las de forma independente das burocracias sindicais não é tarefa do dia para a noite, mas é urgente e necessária. A mobilização cresce cada vez mais e é neste terreno fértil que a classe trabalhadora deverá fazer renascer sua luta combativa.

Construir a luta em unidade não significa concordar com as direções sindicais. A CUT é oportunista e tentará usar a luta para reerguer a figura do Lula. Cabe a todas as pessoas e organizações que rechaçam o projeto petista de conciliação de classe seguirem na mobilização, denunciando e construindo uma alternativa socialista e revolucionária. Defendemos que os rumos da mobilização sejam decididos em fóruns democráticos de base e que a luta se amplie para greves cada vez mais amplas e pelo tempo que for necessário até que as reformas sejam totalmente barradas. O próximo passo da luta é claro: construir um 1º de maio forte e combativo em todos os locais do país!

NÃO ÀS REFORMAS!
NÃO À TERCEIRIZAÇÃO!
GREVE GERAL JÁ!

Construir a greve geral

Essa sexta feira, dia 31, teremos em todo o Brasil uma série de atos contra a política de ajustes do governo Temer. O dia de mobilização é uma das ações de preparo para a greve geral que está sendo convocada para o dia 28 de abril.

Apesar das divergências com as direções sindicais colocadas acreditamos na importância da unidade e a construção da greve pelas bases.

Dia 15 de março demos uma importante demonstração de força da nossa classe, agora é seguir avançando e barrar os ataques dos governos e patrões!

Lutar contra os ataques. Reconstruir a perspectiva socialista revolucionária.

As reformas da previdência e trabalhista, se aprovadas, significarão um enorme retrocesso para a condição de vida e trabalho para a população. Somadas ao PL da terceirização, já aprovado pela Câmara, representam a decisão do governo frente à crise: proteger o lucro dos patrões cortando dos trabalhadores.

Para enfrentar esses ataques do governo nós devemos trazer essa disputa para o campo onde a classe trabalhadora tem força, nas ruas e em seus locais de trabalho.

O legislativo, como todas as esferas do Estado, é corrupto e não deve ter a confiança de nossa classe. Apenas com mobilizações de massa e com uma greve geral que derrotaremos esse governo e seus ajustes.

Recolocar na ordem do dia a necessidade da superação do capitalismo e a luta pelo socialismo também é tarefa de todos nós, principalmente nesta fase de ascenso das lutas. Que no desenrolar da mobilização a classe consiga se organizar e superar as burocracias sindicais, rompendo com o corporativismo e recolocando a luta política contra o capitalismo como horizonte revolucionário.

Articulação dos anarquistas

Sendo assim, como no ato do 15 de março e novamente agora, a Aliança Anarquista chama a todos as organizações anarquistas e militantes independentes, para formarmos um bloco conjunto no ato. É preciso que o anarquismo volte a se colocar na luta da classe trabalhadora e não assista a história passar. Construir o anarquismo classista e revolucionário!

Todos às ruas dia 31!