O ano de 2017 iniciou sem trégua. As rebeliões nos presídios marcaram o primeiro mês e tiveram como consequência a queda do Secretário Nacional de Juventude, filiado ao PMDB. Poucos dias depois estourava a greve das polícias indicando mais um cenário de instabilidade no país. Logo em fevereiro, estatais como a Caixa Econômica Federal e os Correios fizeram novo plano de demissão voluntária e o país chegou a 13 milhões de desempregados.
Enquanto estados como RJ e MG decretam estado de calamidade pública, os bancos mantém seus lucros astronômicos, como o Itaú, que fechou o ano de 2016 com um lucro de 21,6 bilhões de reais, o 2º maior de sua história. Enquanto isso, famílias inteiras vivem de subempregos e sofrem para fazer o salário render frente à inflação. Os aumentos de tarifas e do preço dos alimentos pesa no bolso dos trabalhadores e sobra no bolso dos patrões. As reformas da previdência e trabalhista, aliadas à regulamentação da greve no serviço público e ao aumento da repressão, nos mostra mais uma vez como o Estado serve para garantir o lucro e a estabilidade da pequena parcela de multimilionários.
No Brasil e em outros países, trabalhadores, trabalhadoras e sua juventude se unem para barrar os ataques às suas condições de vida e trabalho. É por isso que iremos às ruas no dia 15 de março, para deixar claro que não aceitaremos a reforma da previdência e nenhum outro ataque. Não vamos pagar a conta da crise!
O governo na corda bamba!
Michel Temer foi colocado na cadeira da presidência da república para dar continuidade a uma tarefa que Dilma já não conseguia mais: fazer a reforma da previdência e das leis trabalhistas para garantir a manutenção do lucro dos empresários. Usando as ferramentas da repressão e da criminalização, o presidente peemedebista é um enviado dos ricos e patrões para assegurar uma falsa estabilidade frente ao aprofundamento da crise econômica internacional. Ele cumpre os interesses da burguesia e é mantido no poder por ela.
No entanto, aprovar a reforma da previdência – primeira grande tarefa no poder – não tem sido tão fácil quanto previsto. A insubordinação daqueles que não aceitam trabalhar até morrer parece estar crescendo. A panela de pressão está levantando fervura e pode explodir. Além de nós estarmos nos levantando contra os ajustes, o governo federal também sofre pressão entre seus colegas de classe: governadores de diversos estados do país pressionam Temer por maiores repasses de verba.
Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Alagoas são apenas alguns dos estados que já chegaram no limite e estão à beira do caos social. Com uma sequência de saídas de ministros, o presidente também lida com seu nome correndo na boca do povo quando se trata de corrupção e irregularidades na campanha eleitoral. O relógio dos ajustes corre contra Temer e ele anda na corda bamba.
A instabilidade política de Dilma, e agora a de Temer, não devem ser vistas pelos trabalhadores como ruim. O retorno à falsa normalidade não significa retomada do crescimento do país e o consequente aumento de empregos para nós: antes mesmo destes momentos já não havia emprego para todos! A mentira dos governantes esconde seus reais interesses: retomar sua estabilidade e força para poder aplicar os ajustes contra a classe trabalhadora.
Temer não deve ter nenhum momento de tranquilidade. Nenhum minuto de sono. Deve acordar e dormir pensando na iminente revolta popular que se arma no país. Não aceitaremos que cortem da nossa carne para manter os senhores da alta sociedade. Sua instabilidade será fruto de nossas mãos! E sabemos: se Temer não aplicar os ajustes, a burguesia colocará outro aliado para que siga com a mesma tarefa. Manter nossas defesas, avançar em nossa organização e bloquear aqueles que nos atacam!
Unificar e ampliar as lutas: os trabalhadores não vão pagar pela crise!
Lutar localmente contra os ataques que sofremos já não é suficiente. Barrar, em cada local de trabalho ou de moradia, o arrocho, as demissões, privatizações e sucateamento não tem conseguido dar as respostas frente à crise de caráter internacional. É a partir de nossos locais que conseguimos mobilizar e nos defender, mas temos uma tarefa urgente: vincular as lutas localizadas a um plano de ação comum e maior. Construir unidade para barrar as reformas é um importante passo contra a piora das nossas condições de vida.
Mobilizar trabalhadores de serviços, domésticas, terceirizados e todos aqueles que sofrem ainda mais com a fragmentação da classe trabalhadora, a desarticulação sindical e a pressão do desemprego iminente, é tarefa de todos que estão comprometidos com a luta. Devemos ampliar o alcance da mobilização, avançando pelos bairros, pelas fábricas, pelas escolas e por cada local em que pisem os pés daqueles que produzem e mantêm a sociedade funcionando.
Organizemos a solidariedade para que nenhum lutador e nenhuma lutadora fique desamparada frente à crise e à participação nas lutas. Criemos comitês de solidariedade para que o fantasma da miséria e da fome não seja um aliado da burguesia para recolocar os trabalhadores na engrenagem da exploração.
Generalizar nossas greves, fortalecer a solidariedade, avançar na consciência de classe e da necessidade de destruição total do capitalismo são tarefas para ontem. Agitar as bandeiras defensivas contra as reformas, recolocando no centro do debate a contradição que nunca será resolvida entre capital e trabalho. Não há solução completa para a crise se continuarmos sob o capitalismo. Lutar para comer hoje, mas para viver amanhã!
FORA TEMER!
NÃO À REFORMA DA PREVIDÊNCIA!
TOMAR AS RUAS DIA 15 DE MARÇO!