1° de maio: história de lutas no anarquismo

* Texto publicado originalmente no nosso material de 1 ano

Atualmente o termo anarquismo é usado de modo muitas vezes sem nenhum sentido e ligação com seu significado verdadeiro, o prefixo “anarco” é colocado em diversos movimentos de contracultura. Isso se dá poque o anarquismo hoje é confundido por um comportamento individual, que alguns grupos denominam de “pratica libertaria” porém isso não é nem de perto o que o anarquismo realmente deveria significa. Pode-se ver que isso é um efeito da própria atuação dos que se reivindicam anarquistas desde principalmente a segunda metade do século XX, pois o anarquismo não fora capaz de retomar um papel relevante nos movimento das massas trabalhadoras após consecutivas derrotas no período anterior.

É por essas e muitas outras degenerações no movimento daqueles que se dizem anarquistas que devemos relembrar a origem e o desenvolvimento dessa linha política. O anarquismo não é reduz a uma corrente de pensamento, a um alinhamento político-ideológico, é uma práxis que visa a emancipação da classe trabalhadora por uma revolução socialista, ou seja, a tomada dos meios de produção pelos que trabalham.

Com isso em mente, ao olharmos para a história encontramos anarquia não em movimentos que visam criar uma realidade paralela para fugir do capitalismo, mas sim na classe trabalhadora organizada para a sua superação. Anarquista não é o jovem rebelde contra toda e qualquer autoridade, anarquista é o proletariado levando a frente um programa revolucionário que visa a destruição do capital e do Estado.

Muitos, até mesmo entre os revolucionários, nos acusam de ter um projeto político que não é aplicável a realidade usando os mais diversos argumentos, mas vale lembrar que o projeto socialista revolucionário anarquista também não foi teorizada por intelectuais dentro de seus gabinetes, mas forjado e construído na materialidade da luta de classes ao longo da história.

Desde a Primavera dos Povos em 1848, momento em que ocorrem inúmeros levantes revolucionários na Europa e mais tarde em outras partes do mundo, já se pode identificar o proletariado como um agente importante para a disputa política – mas nessa época ainda era uma classe pequena em número e seu projeto político da revolução socialista ainda era embrionário. É em 1871 no processo revolucionário da Comuna de Paris que o proletariado conquista o poder para si pelas armas, dissolve o Estado e toma os meios de produção: um exemplo da execução do programa anarquista na realidade. Por mais curto que tenha sido o autogoverno dos trabalhadores essa experiência prova que lutamos não por uma utopia, mas por uma possibilidade que está colocada na realidade. A revolução em 1871 não era uma teoria ou um discurso, mas um fato que tem seu ecos na história até os dias de hoje.

Outra data emblemática na história do anarquismo é o primeiro de maio de 1886. Milhares de trabalhadores organizados em seus sindicatos, muitos dirigidos por militantes anarquistas, iniciam uma greve geral nos Estados Unidos pela jornada de oito horas sem redução de salário. Nesse processo a polícia assassinou trabalhadores grevistas, no dia quatro de maio, em um ato em Chicago em apoio a greve geral, a polícia abre fogo e os trabalhadores contra-atacam com bombas, causando a morte de mais grevistas. Oito lideres anarquistas são presos depois desse episódio, sete serão condenados a pena de morte e as forças da repressão atacaram ainda mais a classe de conjunto. Novamente vemos um exemplo a ser seguido por nós anarquista de hoje, a de que devemos lutar por melhores condições de trabalho e defender nossos salários mas não de forma passiva e conciliatória mas de forma radicalizada. A greve geral, as paralisações, piquetes e outros métodos históricos da nossa classe.
Nós também temos aqui no Brasil exemplos de grandes lutas que tiveram militantes anarquistas à frente, como a greve geral de 1917. Podemos não ter tomado o poder como os franceses, mas uma greve geral com reivindicações como jornada de oito horas, respeito ao direito de associação, aumentos salariais e libertação dos presos políticos, trabalha no sentido de fortalecer a classe trabalhadora e suas organizações o que, no limite, são passos importantes para a revolução

Tendo esses e muitos outros exemplos não há motivo para o anarquismo continuar no estado em que está hoje, isso quer dizer, dissociado da luta da classe trabalhadora e mais associado a um individualismo comportamental do que um projeto socialista revolucionário que se pauta na luta de classes. Não escolhemos o primeiro de maio a toa, pois esse dia não é qualquer dia, é uma data importantíssima para todos nós trabalhadores e é com o espírito dos lutadores do primeiro de maio que a Aliança Anarquista se propõe a levar a frente o anarquismo, ao lado da classe e pela revolução.

VIVA A LUTA DA CLASSE TRABALHADORA POR SUA EMANCIPAÇÃO!
VIVA O 1° DE MAIO!

1 maio

Panfleto de lançamento da Aliança Anarquista

Apresenta-se, neste 1º de maio – data histórica da luta dos trabalhadores contra seus algozes – a Aliança Anarquista. Proposta que surge dos anseios da militância comprometida com a luta de classes e que reconhece como central a necessidade de agrupar a vanguarda presente nos diversos locais de trabalho e estudo em um partido orientado por um programa revolucionário anarquista. Um programa para as lutas dos trabalhadores contra seus exploradores, de forma a romper totalmente com o capitalismo e o Estado. Uma organização que não tema a responsabilidade de estar à altura dos desafios e necessidades imposto pela atual situação da luta de classes.

Conclamamos todas as pessoas que dão o sangue e o suor pela classe trabalhadora, e sentem a necessidade da destruição deste regime de exploração, a lerem o manifesto da Aliança Anarquista. Mais do que isso, que aceitem o desafio e a responsabilidade de colocar na ordem do dia a combatividade necessária para a consolidação do poder da classe trabalhadora, através da tomada dos meios de produção e a destruição do órgão máximo da defesa do capital: o Estado.

O manifesto está lançado e aborda uma breve discussão sobre conjuntura nacional, com avaliação sobre a crise do capitalismo e a crise da social-democracia, a necessidade da construção de uma organização que reúna a vanguarda nascida no seio da classe em luta. Apresenta também as diferenças centrais com demais organizações que se reivindicam anarquistas hoje, com o autonomismo e com as linhas do comunismo-marxista.

Faremos uma série de encontros para colocar este manifesto em debate com todas as pessoas interessadas. Confira no site as datas e locais.

Trabalhadores ao poder!

panfleto lançamento