* Texto de conjuntura publicado originalmente no nosso material de 1 ano
A crise política que começou pequena no início de 2015 se desenvolveu, se aprofundou e agora parece entrar em seus últimos capítulos. Com a votação do impeachment da presidenta Dilma na câmara dos deputados o governo se sustenta por menos do que um fio de cabelo. Sem o apoio do parlamento e dos patrões, os petista veem o seu governo ruir ao seu redor e por isso se voltam a nós, trabalhadores, como último recurso.
As denúncias dos dois lados são das mais diversas. Os petistas alardeiam um golpe. A oposição parlamentar se diz numa cruzada contra a corrupção. Diante dos discursos bonitos e da enxurrada de notícias que inundam os canais de comunicação, é fácil se perder e achar que só se pode estar de um dos dois lados. A nós, trabalhadores, é dito que ou se está contra o “golpe”, ou se está “contra” a corrupção. Mas isso não é verdade.
Afinal, fala-se em golpe, mas a realidade é que o governo petista contribuiu para levar o país para o buraco e que ninguém hoje está feliz! Esse governo foi eleito dizendo que o futuro seria de desemprego e inflação alta se Dilma não ganhasse. E hoje vemos que o quadro é de desemprego e inflação descontrolada! Falou que os trabalhadores seriam atacados se a oposição fosse eleita. E atacou os trabalhadores assim que foi eleita.
Por outro lado, fala-se em lutar contra a corrupção, mas como isso é possível quando o impeachment é encabeçado por pessoas como Eduardo Cunha, Aécio Neves e tantos outros? Os que dizem querer combater a corrupção são corruptos também. E não só. Basta assistir a declaração dos votos a favor do impeachment para ver quem são os justiceiros: latifundiários, industriais, banqueiros, machistas, racistas, homofóbicos e alguns inclusive, a favor da ditadura militar. Ou seja, todos inimigos dos trabalhadores.
A verdade é que ambos os lados querem mesmo é mostrar que são os melhores para nos atacar. Que é o grupo com maior capacidade de proteger o lucro do patrão e sacrificar os trabalhadores. A eles não interessa a nossa situação. Não interessa que acordamos e dormimos com o medo do desemprego. Não interessa que contamos os centavos para cobrir as nossas necessidades. Interessa o contrário, interessa provar que conseguem passar o ajuste fiscal o mais bruto possível, ao mesmo tempo em que reprime os trabalhadores da maneira mais eficaz. Não à toa ambos os lados defendem o ajuste fiscal e medidas de austeridade para sacrificar os trabalhadores.
Diante disso, escolher entre um desses lados é impossível. E é impossível porque nenhum deles de fato quer defender os trabalhadores. Mas continuar a despejar a crise econômica – que não será solucionada pelo impeachment ou não de Dilma – sobre nós.
Devemos traçar um plano de lutas que ultrapasse a polarização colocada atualmente e recoloque o enfrentamento de classes no centro da discussão. Devemos ir além do impedimento ou não do governo petista, armando a resistência no cerne da questão hoje: a crise econômica. Porque enquanto PT, PMDB e PSDB se digladiam por fatias maior no Estado, o que nos resta são os ataques que não param de chegar.
Lei antiterrorismo, retomada da discussão de ampliação da terceirização, reforma da previdência e ataque ao salário mínimo, são alguns dos ataques que ou passaram ou pretendem ser passados no próximo período, como complemento às demissões e arrochos salariais.
Optar por se centrar na questão do impeachment enquanto medidas como essas são passadas, não é somente um erro, mas também uma irresponsabilidade. É se perder em meio às notícias e buscar atalhos que nada farão, a não ser fortalecer quem nos ataca. Hoje, a prioridade deve ser erguer a resistência contra esses ataques, tirando da frente dos trabalhadores a distração da disputa pela presidência, e recolocando o foco naquilo que nos importa: a defesa das nossas condições de vida!
NEM COM O PETISMO, NEM COM A OPOSIÇÃO PARLAMENTAR!
CONTRA O ATAQUE DOS GOVERNOS E DOS PATRÕES!